domingo, 3 de julho de 2011

ARGUMENTAÇÃO

No que tange a comunicação - e o texto tem esta intenção - há uma diferença bem marcada entre comunicação recebida e comunicação assumida. Como comunicar é agir sobre o outro, quando se comunica não se visa somente a que o receptor receba e compreenda a mensagem, mas também a que a aceite, ou seja, a que creia nela e a que faça o que nela se propõe. A aceitação depende de uma série de fatores: emoções, sentimentos, valores, ideologia, visão de mundo, convicções políticas etc. A persuasão é então o ato de levar o outro a aceitar o que está sendo dito, pois só quando ele o fizer a comunicação será eficaz.
Sendo objeto da persuasão é a argumentação, vejamos os métodos utilizados em textos desta natureza:

Método indutivo

A indução é um tipo de raciocínio que parte de caso particular e tira daí uma regra geral. Alguém que observe, pela manhã, uma rua molhada e conclui que choveu durante a noite procede por indução (sempre que chove as ruas ficam molhadas). No caso do método científico, a indução corresponde à segunda etapa do processo:
1º) observação dos fatos;
2º) formulação de uma hipótese por indução, por meio de uma generalização que necessita de verificação;
3°) verificação experimental da hipótese para confirmar ou negar a hipótese;
4°) enunciação (ou não) de uma lei ou teoria, na medida que o experimento confirmou a hipótese.
A indução é geralmente vista como um método pouco seguro a partir do momento em que a formulação da generalização é feita com base num pequeno número de casos. No exemplo citado anteriormente, a conclusão de que chovera durante a noite seria mais segura se também fosse possível observar outros fatores, tais como pessoas com capas ou guarda-chuvas, vidros molhados dos automóveis etc.


Método dedutivo

Ao contrário da indução, a dedução é o raciocínio que parte de uma afirmação geral tida como verdadeira, aplicando-a a um caso particular, como é o caso dos silogismos.

Ex.: silogismo de três proposições
O tipo clássico de silogismo se apóia em três frases: a premissa maior, de caráter universal, seguida da premissa menor, de caráter particular e da conclusão:
Todos os homens são mortais
Sócrates é homem
Sócrates é mortal

Mas atenção! Cuidado com o silogismo inadequado, conforme vemos a seguir.
Todos os políticos não são honestos.
João da Silva é um político.
João da Silva não é honesto.


Método por analogia

A analogia faz com que, pela utilização de elementos de um domínio conhecido, possamos chegar a compreender elementos de um domínio desconhecido, servindo, assim, para ilustrar ou provar alguma coisa. A analogia pode assumir a forma de uma comparação ou símile ou de uma metáfora, na dependência de o conector comparativo estar, respectivamente, explícito ou implícito:
Ex.: “[...] Se um padre pode cobrar (...) por uma missa, eu não posso cobrar por apoiar e votar uma proposta?"
(O Estado de S. Paulo, 16/5/2009, p. A8 -  sobre o então Senador Ernandes Amorim (PTB-RO), apresentou uma emenda autorizando os partidos e os congressistas a receberem pagamento de empresas ou entidades beneficiadas pela aprovação de determinada lei.)


Método por dialética

O raciocínio dialético se processa a partir do momento em que a tese oposta contém uma parte da verdade e, por isso, a estratégia dialética admite o princípio da contradição, ou seja, da confrontação de duas teses opostas (a tese e a antítese), retirando daí uma verdade nova, a síntese.
Assim, as etapas de um raciocínio dialético são:
1°) a formulação da própria tese, apoiada em argumentos;
2º) a formulação da tese adversa e os argumentos que a justificam;
3º) a formulação da síntese, com a conciliação entre os pontos válidos da tese adversa.
Ex. A realidade das escolas públicas mostra que a educação básica continua precária, apesar do índice de melhora no IDEB. Portando, se faz necessária a revisão dos indicadores que compõem os índices considerados no IDEB.

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